Significado de IA é relacionado à capacidade de máquinas aprenderem a pensar e a agir como humanos
Apenas uma década atrás, o termo inteligência artificial (IA) pertencia mais ao universo da ficção científica e parecia no máximo uma ousadia para o futuro distante. Muitas situações mudaram de lá para cá e, atualmente, crescem as aplicações e pesquisas neste campo. Todo mundo já ouviu falar de inteligência artificial, mas você sabe do que se trata essa tecnologia e do que ela é capaz?
O conceito de IA se refere à criação de máquinas – não necessariamente com corpo físico – com a habilidade de pensar e agir como humanos. Softwares que conseguem abstrair, criar, deduzir e aprender ideias. O objetivo geralmente está em facilitar tarefas do dia a dia, avançar pesquisas científicas e modernizar indústrias. Veja, a seguir, dez fatos que o TechTudo reuniu sobre o passado, o presente e o futuro da inteligência artificial.
Android P e Inteligência Artificial são destaques do Google I/O 2018
1. A história da inteligência artificial tem pelo menos 62 anos
Não se sabe ao certo quando se iniciou a história da inteligência artificial, mas ela não é recente. Já na Antiguidade, seres artificiais e homens mecânicos apareciam em mitos gregos e romanos. Filósofos e matemáticos de várias eras exploraram a possibilidade de mecanização do pensamento. No início do século passado, a ideia começa a surgir nas obras de ficção científica, como na peça teatral Rossum’s Universal Robots (1920), que introduziu a palavra “robô”, e no celebrado filme Metropolis (1927).
A Segunda Guerra reuniu cientistas de diversas áreas, incluindo neurociência, engenharia, matemática e computação. Alguns discutiam já nas décadas de 1940 e 1950 a criação de um cérebro artificial. Entre eles estava Alan Turing, conhecido como “o pai da informática”. Em 1956, nasceu oficialmente um campo de estudo voltado para a inteligência artificial. A Conferência Dartmouth formalizou o termo, determinou a missão da IA e seus pesquisadores precursores. Marvin Minsky, John McCarthy, Allen Newell e Herbert A. Simon foram alguns dos nomes fundamentais no processo.
2. Ela já está presente na sua vida
Assistentes virtuais como a Siri, a Cortana e o Google Assistant são bons exemplos de inteligência artificial em contato direto com os usuários. Mas os smartphones, computadores e outros gadgets do cotidiano também operam com IA de muitas outras maneiras, a começar pelo Google.
O app Fotos reconhece o conteúdo de suas imagens e permite que você faça uma busca digitando o nome de um objeto ou ação. O YouTube pode transcrever áudio e gerar legendas para os vídeos em 10 idiomas. O Gmail oferece respostas automáticas inteligentes para seus e-mails. O Google Tradutor traduz textos de placas, rótulos e cardápios com a câmera do celular. E vem mais por aí: a empresa anunciou que IA é um dos temas centrais das apresentações do Google I/O 2018, conferência anual que traz as novidades da companhia.
O Spotify e a Netflix usam inteligência artificial para entender as preferências dos usuários e recomendar, respectivamente, músicas e filmes. A Amazon faz algo parecido ao oferecer a seus clientes novos produtos a partir de machine learning. O software ajuda a decidir até qual é o melhor momento para fazer as ofertas.
Carros autônomos também já são realidade e devem chegar ao mercado em poucos anos. Empresas como Google, Uber, Samsung e Volkswagen estão desenvolvendo e testando veículos que dirigem sozinhos. No cinema, a inteligência artificial cria multidões de pessoas para cenas de filmes. Na medicina, está ajudando a avançar estudos sobre o câncer.
3. Inteligência artificial não é o mesmo que machine learning
Não é difícil encontrar os dois termos usados como sinônimos, mas a verdade é que machine learning é apenas uma parte da inteligência artificial. O “aprendizado de máquina” é uma aplicação de IA muito utilizada hoje, em que um programa acessa um grande volume de dados e aprende com eles automaticamente, sem intervenção humana. É o que acontece no caso das recomendações da Netflix e do Spotify e no reconhecimento facial em fotos do Facebook, por exemplo.
Já a inteligência artificial é um conceito mais amplo que, além do machine learning, inclui tecnologias como processamento de linguagem natural, redes neurais, algoritmos de inferência e deep learning. Sempre com a ideia de atingir raciocínio e atuação similares a dos humanos.
4. O aumento na coleta de dados em massa impulsionou a IA
É até clichê dizer que o volume de informações produzidas pelas pessoas vem crescendo exponencialmente com a ascensão da Internet, em especial nos últimos anos, com as redes sociais. Mas é essa a ideia central para entender o Big Data, conjunto massivo de dados que serve de base para o aprendizado dos mais diversos softwares, como o machine learning.
Essa revolução dos dados favoreceu o cenário da inteligência artificial. Com mais informação disponível, os pesquisadores e as empresas ganharam mais motivação para buscar maneiras inteligentes e automatizadas de processar, analisar e usar os dados.
5. Google, IBM, Microsoft, Facebook, Amazon e outras empresas formaram um grupo de pesquisa e defesa da IA
Em 2016, grandes corporações do mundo da tecnologia, incluindo Google, IBM, Microsoft, Facebook e Amazon, se uniram para criar a “Parceria em IA para beneficiar pessoas e a sociedade”. O grupo afirma que quer avançar pesquisas e defender implementações éticas da inteligência artificial.
Segundo o site oficial da iniciativa, são seus objetivos: desenvolver e compartilhar boas práticas, proporcionar uma plataforma aberta e inclusiva para discussão e participação de pesquisadores e outros interessados, aumentar o entendimento público, identificar e apoiar esforços em inteligência artificial.
6. A inteligência artificial vai substituir humanos em muitos empregos
O medo de que as máquinas roubem os empregos dos seres humanos não é novo, e ele tem fundamento. De acordo com a empresa de consultoria e auditoria PricewaterhouseCoopers (PwC), até 2030 robôs substituirão 38% das vagas de trabalho nos Estados Unidos, 30% no Reino Unido e 21% no Japão. Os setores de transporte, armazenamento, manufatura e varejo serão os mais afetados.
Porém, não pense que trabalhos mais criativos ficarão de fora. Já existem softwares capazes de escrever textos jornalísticos mais básicos, como notícias de partidas esportivas e resumos financeiros. Um serviço chamado Wibbitz cria automaticamente vídeos a partir de artigos escritos. No ano passado, foi lançado um álbum com músicas compostas e produzidas pela Amper, um programa movido por inteligência artificial. Tudo indica que será necessária ao menos uma adaptação nas funções dentro de todo o mercado de trabalho.
7. Especialistas acreditam que a inteligência artificial vai alcançar a capacidade humana em menos de 25 anos
Alguns experts na área creem que a IA está ainda em sua infância e tem um longo caminho pela frente. Outros, entretanto, garantem que faltam apenas alguns anos para a chegada da singularidade tecnológica, momento em que a inteligência artificial vai superar a humana.
Uma pesquisa realizada em 2013 fez a seguinte pergunta para centenas de especialistas em IA: quando o nível de inteligência artificial será 50% da inteligência humana? A resposta média foi 2040. Enquanto isso, outro estudo recente mostrou que 42% de um grupo de cientistas acreditam que a singularidade será atingida antes de 2030.
8. Ela já é melhor que seres humanos em algumas tarefas
Não há previsões de quando a inteligência artificial chegará ao patamar humano, mas já existem robôs que são melhores do que nós em tarefas específicas. Por exemplo, em 2011 o IBM Watson venceu os humanos no Jeopardy!, famoso programa americano de perguntas e respostas. Depois disso, a IA continuou em desenvolvimento e hoje já consegue fazer diagnósticos de câncer com maior precisão que os médicos. Sua taxa de acerto é de 90%, em comparação a 50% no caso dos seres humanos.
As máquinas são também mais eficientes em leitura labial. Enquanto a performance humana é em média de 52%, a do software LipNet alcança 93%. O programa foi desenvolvido na Universidade de Oxford e lançado em 2016. Outra atividade em que a IA leva vantagem é a realização de uma busca no Google. O RankBrain compreende as pesquisas mais complicadas e indica quais páginas são os melhores resultados com 10% mais acertos que seus criadores de carne e osso.
9. Grandes nomes da tecnologia estão preocupados com as consequências desse avanço
Elon Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, já falou publicamente várias vezes que acredita que a inteligência artificial pode um dia se tornar uma ameaça para as pessoas e até pôr fim à humanidade. O empresário é entusiasta das mais avançadas tecnologias, mas ressalta a necessidade de regulamentação na área da IA e gostaria que armas autônomas fossem banidas. Armamentos operados por softwares inteligentes já são realidade em alguns governos.
O físico Stephen Hawking, que morreu em março, expressava sua preocupação também com o poder destrutivo de armas independentes e temia a substituição da força de trabalho humana, sem a criação suficiente de novas vagas. Bill Gates, fundador da Microsoft, concorda com Musk e Hawking e disse que não entende como algumas pessoas não estão preocupadas.
10. O basilisco de Roko é uma hipótese terrível sobre a IA
Existe um experimento mental assustador conhecido como Basilisco de Roko. A ideia é que, no futuro, uma poderosa inteligência artificial possa torturar todos que não a ajudaram de alguma forma a ser criada. Apenas o fato de saber sobre o basilisco, como você está fazendo ao ler estas palavras, colocaria alguém em perigo, já que a IA passaria a incluir tal pessoa em suas simulações.
O experimento está fundamentado em teorias complexas, mas que remetem a uma noção de que uma IA não teria limites por tentar tornar o mundo cada vez melhor. Com as ambiguidades da tarefa e sem a moral humana, ela faria de tudo que considerasse necessário, inclusive machucar pessoas. Assim, os que não facilitaram sua existência e desenvolvimento estariam sob ameaça.
O Basilisco de Roko foi proposto em um fórum de discussão do LessWrong, uma plataforma criada pelo pesquisador Eliezer Yudkowsky, que está a frente do Instituto de Pesquisa de Inteligência de Máquina (MIRI). O próprio Yudkowsky já deixou claro que acredita nos riscos da ideia.